O conceito
Estou convicto de que evolução tecnológica, humana e social traçam o cenário de cuidado da saúde – campo ideal para abordagens que melhorem os resultados e reduzam as ineficiências.
Pensar e implementar processos que culminam em soluções mais efetivas e criativas para a gestão da prática, modelos de clínicas, atendimento ao paciente, desenvolvimento de novos produtos e tantos outros aspectos que envolvam uma visão mais holística do universo da prática da medicina tornou-se um dos meus campos de estudo.
O profundo entendimento das bases científicas disponíveis e u uso da metodologia científica para percorrer o já conhecido caminho acadêmico, coloca a “Pesquisa para Inovação” em patamar agora estratégico para o país, e são diversas e específicas as ferramentas que tratam de campos múltiplos do nosso cotidiano. Na saúde tenho desenvolvido o “Design Médico”.
O conceito de Design Médico, inspirado no processo de Design Thinking, busca desenvolver um pensamento estratégico organizado, que permite a disrupção para a solução de problemas e implementação de propostas centradas no ser humano e nas suas necessidades.
O processo de Design Médico consiste em nos perguntarmos não apenas sobre a necessidade humana por trás da situação apresentada pelo paciente, mas também de que forma estamos impactando a experiência final dele.

Os pilares do pensamento
O pensamento que embasa o Design Médico pode ser observado nestes 3 pilares complementares:
1- Necessidades humanas do paciente e do profissional de saúde;
2 – Conhecimento e avaliação de novas tecnologias;
3 – Sustentabilidade e reavaliação constante dos modelos;
1 – Necessidades humanas do paciente e do profissional de saúde
Tudo começa com o entendimento das necessidades humanas tanto do paciente quanto do profissional de saúde. Quanto mais aderentes forem as soluções a esse aspecto, mais engajamento e assertividade teremos nas decisões tomadas.
Aspectos como gestão da clínica, implantação de melhorias, desenvolvimento de novos produtos ou serviços precisam ter como foco principal o impacto nas pessoas, no jargão da inovação podemos pensar em “product market fit”.
2 – Conhecimento e avaliação de novas tecnologias
É necessário refletir sobre quais são as ferramentas disponíveis que podem ser integradas no contexto apresentado. Paralelamente, é preciso considerar se há alternativas mais acessíveis e relativamente eficazes.
3 – Sustentabilidade e reavaliação constante dos modelos
É imprescindível considerar se a incorporação é sustentável e ética. Nesse sentido, cabe desenvolver um processo de controle dos resultados com indicadores, retroalimentação e ações para melhorias constantes.
Gerando novas ideias a partir de dores profundas
O processo de Design Médico consiste em buscar efetivamente qual é a real causa do desconforto. Antes de se chegar à causa raiz, as soluções devem ser consideradas temporárias e facilmente substituíveis.
O objetivo inicial é identificar e compreender determinado problema pela ótica do usuário e, dessa forma, promover a empatia com sentimentos e emoções do paciente, gestor, enfermeiro, etc. A partir dessa postura, certamente surgirão opções relevantes e reais para processos, produtos e serviços.
Aplicando a abordagem do Design Médico novas possibilidades podem ser experimentadas e testadas, aplicando ou não a tecnologia viável para cada situação. Faz-se necessário lembrar que high tech não é sinônimo de inovação!
Nesse processo, algumas etapas são fundamentais.
Etapa 1: Sinta a dor – tente entender o que está acontecendo e identifique as necessidades
Explorar o ambiente, conhecer as personas envolvidas, ficar com eles e elas, conversar, ouvir e ver para mapear toda a situação. Não se deve esquecer de que esta é uma abordagem centrada no ser humano, o que significa que você precisa entender os ‘humanos’ (usuários / clientes, etc.) que são afetados pelas atividades que você gostaria de atualizar ou alterar. É necessário haver empatia com eles, descobrir suas necessidades de uma forma sensata. No final desta fase, serão produzidos muitos insights que podem ser mostrados em uma variedade de ferramentas (mapa da jornada do cliente, persona do usuário, plano de serviço, mapa de empatia etc.), dependendo do tipo de serviço / problema projetado.
Etapa 2: Decida qual é o principal problema que está sendo resolvido e concentre-se nele.
Este é um dos pontos mais importantes no início do processo: definir o foco. Depois de perceber as dificuldades vivenciadas na primeira etapa, já é possível começar a co-criar listas e declarações. São os vários “pontos de vista”. Uma das táticas mais populares para isso é a associação de ideias ou brainstorm, no qual se diz e se escreve livremente tudo o que vier à mente.
“Apaixone-se pelo problema, não pela solução” é um ótimo pensamento que estimula o trabalho, pois, quanto mais entradas tivermos, mais agrupamentos faremos e poderemos escolher caminhos que façam sentido e guiem projetos.
Etapa 3: Idealize, esboce, desenhe
A fim de agregar e rabiscar em conjunto, é importante inserir-se na natureza, conversar com pessoas de outras áreas / profissões. Como um insight em geral produz outro, acaba-se a possibilidade de apego às ideias fixas, da da ideia particular ou mesmo da competição.
Com uma compreensão mais ampla e foco no problema obtém-se boa chance de criar soluções possíveis, viáveis e sustentáveis, que sejam entendidas como criadoras de valor para todos na cadeia. É fundamental sempre envolver as partes interessadas nesse desenho. Dessa forma, consegue-se garantir a propriedade, o lugar de fala.
Etapa 4: Crie um protótipo e refaça tudo.
É preciso criar um protótipo que leve a soluções possíveis com diferentes ferramentas. O único limite é a criatividade – lego, papel, storyboards, cola, teatro, etc. Não se deve limitar as propostas a visões pré-concebidas. É de bom tom solicitar comentários, mudar junto, montar e remontar, afinal, a produção é para e com o agente final. Por meio dessa interação, será possível mudar o foco e seguir com instrumentos novos, rumo ao mesmo foco, refinando cada vez mais o processo. Aqui o fracasso, principalmente se for rápido, significa que o processo levará ao caminho para a melhor solução.
Etapa 5: Implemente a solução
Quando o protótipo for seguro para uso e estiver minimamente em condições de funcionar, será possível testar a implementação do serviço ou processo trabalhado. Prepare-se para novas, inúmeras, incontáveis, intermináveis interações, aperfeiçoamentos, recomeços. O sucesso é certo!
Lista de empresas com as quais mantive ou mantenho colaboração em algum nível (consultor, palestrante, mentor, conselheiro, co-desenvolvedor):
- J&J
- EyeTec
- Phelcom
- Zeiss
- Abbott
- InSight
- IPEPO
- Central da Visão
- Eurofarma
- Vesper
- Adapt
- MediPhacos
- Plenum Bioengenharia
- Universo Visual
- Roche