Esta semana, tive a extraordinária oportunidade de orientar o agora Prof. Dr. Ermano Melo em sua defesa de tese, uma jornada inovadora no campo da oftalmologia com foco em Cirurgias para Presbiopia, conhecida popularmente como “vista cansada“. Essa conquista representa um marco significativo, pois introduzimos a análise qualitativa baseada em dados do mundo real ao ambiente acadêmico, oferecendo “insights” profundos sobre o tratamento de uma condição que afeta todos nós, após os 45 anos.
A investigação abordou casos meticulosamente avaliados de pacientes que estavam buscando reduzir sua dependência de óculos ou lentes de contato e foram operados. Com a pesquisa, não só exploramos as possibilidades oferecidas por ferramentas de ponta – como laseres e lentes intraoculares – mas principalmente desenvolvemos um entendimento mais rico dos caminhos e conclusões baseados em evidências para escutar, triar, guiar, tratar e acompanhar os pacientes nesse processo.
A era digital e o envelhecimento da população nos desafiam a personalizar as opções de correção visual, transcendendo o conhecimento técnico para entender as necessidades únicas de cada paciente. Somente ao se compreender e integrar aspectos emocionais, sociais, econômicos, culturais e comportamentais ao cuidado técnico, podemos alcançar resultados superiores e melhorar significativamente a qualidade de vida relacionada à visão.
A defesa de tese destacou a importância da presbiopia como um marco biológico, evidenciando a complexidade de expectativas versus resultados e a influência da “memória futura” nos desfechos pós-operatórios. Este projeto ressalta a relevância da pesquisa acadêmica ter aplicações práticas que beneficiem diretamente a sociedade.
Agradeço aos profs. Renato Ambrósio, Jr , Rodrigo Affonseca Bressan , Alvaro Machado Dias , Patricia Logullo, MSc, PhD, CMPP , Peter Moon e Jonathan Lake a dedicada leitura e preciosas argumentações, e a profa. Bianca Queiroga , que foi uma precisa co-orientadora.
Preparem-se para descobertas que prometem revolucionar nossa abordagem à hipermetropia e presbiopia, revelando desde as nuances de sua conexão com o tempo e aspectos neurais, até a transformação na autoestima dos pacientes. Estamos à beira de um novo horizonte na oftalmologia, e é um privilégio estar na vanguarda dessa evolução.
A seguir um “spoiler” do que vem por aí:
“Resultados: A análise de 364 citações gerou 5 temas principais: 1- o tempo e a presbiopia, suas causas e seu significado, 2- fatores motivacionais para a busca da cirurgia, 3- o medo e a superação, 4 – o sacrifício e a adaptação, 5 – o efeito final. Conclusões: A temporalidade está intimamente conectada com a cirurgia da presbiopia. Desde o início, com a velhice associada à perda da visão de perto, passando pelo período de adaptação e na satisfação final. Vários fatores estão interligados: temporalidade, estética, medo, simbolismo, higiene, importância da visão de perto, confiança no médico, influência de amigos e familiares, tipo de personalidade entre outros. Durante a adaptação, houve uma limitação importante na percepção da visão de longe, porém, a recuperação da liberdade perdida com a dependência dos óculos para perto, aparentemente compensou e foi associada à melhora da autoestima e a um julgamento final favorável pela imensa maioria dos pacientes. Novos métodos investigativos podem ser adjuvantes, tais como: a eletrofisiologia ocular, a avaliação dos traços de personalidade e a criação de modelos arquetípicos, todavia o principal é a postura e o senso crítico do oftalmologista durante todo o processo, tal qual um rito sagrado, pois os olhos são considerados símbolos do divino.”